Anteontem fez vinte e oito anos que Ayrton Senna morreu. Quem tem idade, sabe onde estava naquele dia do trabalhador quando a tragédia aconteceu, ou quando dela soube.
Prometo escrever mais sobre nosso ídolo-mor das pistas, fazer um podcast, quem sabe? Por hora, fico com um “causo” ocorrido em 2014 enquanto eu realizava um tour histórico no centro do Rio de Janeiro para dois casais. Um inglês e um americano.
A moça do casal inglês se chamava Kate e me perguntou se Alain Prost era muito odiado no Brasil. Tinha visto o Documentário “Senna”, do diretor Asif Kapadia, e estava com a rivalidade entre o francês e o brasileiro fresquinha na memória; Prost joga o carro em Senna, que devolve a gentileza no ano seguinte. Em meio a pilhas de politicagem, um certo Balestre, presidente da FIA e também francês, mexe os pauzinhos para ajudar seu compatriota, de quem era amigo. Se você não conhece essas histórias, ou porque é jovem, ou não tem memória, ou porque caga para Formula-1, mas está curioso, procure o filme. Está tudo lá, pelo menos na perspectiva que tínhamos, favorável ao brasileiro.
Diante da pergunta, respondi que Prost não era odiado e sim querido no Brasil. As tretas do filme eram águas passadas. Nossa rixa de
pilotos tem caráter doméstico. Senna e Piquet.
A mulher do casal americano
(“mulher do casal” é ótimo) quer entrar na conversa e Kate
explica: “Estamos falando sobre Senna”. A americana pergunta
“quem”. A inglesa responde: “Érton Senna”, no seu sotaque. A americana repete: “Quem?”. A inglesa se revolta. “Você
está me dizendo que não sabe quem é Ayrton Senna?”
Adorei ouvir. Eu, claro, tinha
plena consciência do quão Senna era desconhecido em solo americano,
das chances de uma americana típica (perdoem o jargão) nunca ter ouvido o nome de nosso ídolo até aquele instante. Seu marido,
tampouco. “Érton what?”
Fui delicado. Expliquei, sem
risco de ofender, quem era Senna ao casal ianque e o quanto Formula-1
não fazia parte da cultura estadunidense ao casal britânico. Senna dizia que gostava dos EUA por isso. Andava onde queria sem ser
importunado. Ninguém o conhecia. Claro que também devia se sentir
mal num país em que não era idolatrado como em boa parte do
mundo (não só no Brasil). Estava acostumado a ser um Michael
Jackson do esporte. Adorava.
Essa é a história de hoje.
Prometo um áudio ou um texto maior para outro dia. Em 2020,
participei de um especial do Retranca Cast sobre Ayrton Senna. Ficou
muito bom. Quem quiser ouvir, é só clicar aqui.
Sobre Senna pode fazer mais 638 textos que lerei com prazer XD
ResponderExcluirCara! Escuta o podcast que está linkado no final do post. É bem legal e eu falo bastante sobre a história do Senna
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